Se você for muito sensível, NÃO não leia.
14h. O sol ardia em chamas. Uma lágrima escorria de meus olhos. Mentira: Uma gota de suor escorria de minha testa (ECA!). A fome tomava conta de meu corpo. Seres que habitam o intestino já praticavam canibalismo. Barriga e costas já eram uma coisa só.
Eu estava na parada de ônibus esperando a condução que me levaria DE VOLTA À MINHA TERRA [daria o nome de um quadro do Programa do Gugu - rs]. Como de costume voltava exausta da faculdade, pensando apenas em comer para dormir e dormir para comer.
Reparem em todo o contexto acima relatado. Ele é fundamental para que me compreendam!
O sonho não acabou! [já dizia o padeiro] A chama da esperança reascendeu em meu peito, e num ímpeto corri em busca daquele ônibus. Subi, passei pela catraca e me sentei. Foi aí que reparei então: que seres estranhos! [para não dizer cafuçus]. Nunca os vi antes em território meu. No Araturi não tem essas estranhesas. Mas pensei em seguida: deve ser coisa da minha cabeça, vou ficar quieta e dormir como sempre faço.
Esse foi meu erro! Aquilo era um sinal. O primeiro de outros que viriam.
A condução seguiu viagem e eu já estava quase cochilando quando de repente o ônibus pára e uma voz fanhosa, lá de dentro mesmo, grita: Fatinha, mulhé, corre! Vem logo. Sobe mulhézinha... Quem berrava era uma mulher esquálida e com um ar de quem tinha acabado de sair do Mira y Lopes. Ela chamava sua amiga, uma gordona suadenta. Esse foi o segundo sinal, visto que tal costume de berrar na condução não é típico dos nativos de minha terra. O terceiro sinal aconteceu em seguida. A gordenta, já no ônibus, conversava com sua amiga: Que ônibus é esse? A esqueleta respondeu: É o Araturi! A obesa: Num é Jurema, nao? E a louca: Não. É Araturi.
Eu ouvi toda esse papo-cabeça, mas ainda assim resisti à realidade. Você pode me chamar de burra, lesada e etc, mas levem em conta minha situação já descrita no início do texto...
Enfim, depois dos fatos relatados, voltei a minha atividade normal: dormir. E a viagem seguiu.
{continua...}