domingo, 26 de setembro de 2010

Atentado juremal - Parte I

Meus caros e minhas caras, meus baratos e minhas baratas, eis aqui um relato de sofrimento.
Se você for muito sensível, NÃO não leia.

14h. O sol ardia em chamas. Uma lágrima escorria de meus olhos. Mentira: Uma gota de suor escorria de minha testa (ECA!). A fome tomava conta de meu corpo. Seres que habitam o intestino já praticavam canibalismo. Barriga e costas já eram uma coisa só.
Eu estava na parada de ônibus esperando a condução que me levaria DE VOLTA À MINHA TERRA [daria o nome de um quadro do Programa do Gugu - rs]. Como de costume voltava exausta da faculdade, pensando apenas em comer para dormir e dormir para comer.

Reparem em todo o contexto acima relatado. Ele é fundamental para que me compreendam!

Pois bem, esperava o ônibus Araturi. Vários ônibus surgiram uns seguidos dos outros, mas notei que nenhum continha o letreiro frontal dizendo ARATURI. Tristeza e agonia se apossarm de mim. Olhei para o chão melancolicamente e mais uma vez voltei meus olhos para os ônibus que lá estavam. E ora vejam só, que imensa alegria me veio ao coração, ao ver que dentre tantos, um continha a placa lateral dizendo: ARATURI.
O sonho não acabou! [já dizia o padeiro] A chama da esperança reascendeu em meu peito, e num ímpeto corri em busca daquele ônibus. Subi, passei pela catraca e me sentei. Foi aí que reparei então: que seres estranhos! [para não dizer cafuçus]. Nunca os vi antes em território meu. No Araturi não tem essas estranhesas. Mas pensei em seguida: deve ser coisa da minha cabeça, vou ficar quieta e dormir como sempre faço.
Esse foi meu erro! Aquilo era um sinal. O primeiro de outros que viriam.
A condução seguiu viagem e eu já estava quase cochilando quando de repente o ônibus pára e uma voz fanhosa, lá de dentro mesmo, grita: Fatinha, mulhé, corre! Vem logo. Sobe mulhézinha... Quem berrava era uma mulher esquálida e com um ar de quem tinha acabado de sair do Mira y Lopes. Ela chamava sua amiga, uma gordona suadenta. Esse foi o segundo sinal, visto que tal costume de berrar na condução não é  típico dos nativos de minha terra. O terceiro sinal aconteceu em seguida. A gordenta, já no ônibus, conversava com sua amiga: Que ônibus é esse? A esqueleta respondeu: É o Araturi! A obesa: Num é Jurema, nao? E a louca: Não. É Araturi.
Eu ouvi toda esse papo-cabeça, mas ainda assim resisti à realidade. Você pode me chamar de burra, lesada e etc, mas levem em conta minha situação já descrita no início do texto...
Enfim, depois dos fatos relatados, voltei a minha atividade normal: dormir. E a viagem seguiu.

{continua...}

domingo, 19 de setembro de 2010

Navegar é preciso, mas nem sempre é preciso.

Olá gentes e gentas!

Nesse meu post de inauguração, digamos assim, quero compartilhar um dos maiores problemas de quem, assim como eu, vive a aventura ou desventura de todo dia ter que pegar ônibus: a precisão.
Uma certa pessoa chamada Fernando Pessoa disse o seguinte: NAVEGAR É PRECISO! Ao dizer isso, ele não se referiu (ou não apenas) à necessidade de se navegar, mas à precisão (adjetivo) de se navegar, ou seja, à exatidão.

Linda frase, linda reflexão. Mais linda ainda quando ele a complementa: NAVEGAR É PRECISO. VIVER NÃO É PRECISO. Lindo e profundo, né? Ok, Fernando Pessoa, você foi uma pessoa muito massa e tal, mas mesmo não te conhecendo assim tão pessoalmente, vou me dar o direito de discordar de sua afirmação. Fernando, querido, certamente você nunca pegou ônibus e nunca teve que "navegar" por meio deste transporte, então meu caro, eu digo: NAVEGAR É PRECISO, MAS NEM SEMPRE É PRECISO! Navegar é preciso, pois afinal só assim poderei chegar ao destino desejado. Navegar, no entanto, nem sempre é preciso, já que nós, como navegadores, ou melhor, passageiros, estamos sempre suscetíveis a imprecisão, a imprecisão de pegarmos o bus errado ou de descermos na parada errada, etc.

Eu mesma já sofri destas imprecisões algumas vezes e conheço pessoas várias que sofreram disso também. Minhas imprecisões já se deveram a fatos como: ler Araturi, onde estava escrito Potira; ver apenas a placa lateral  do ônibus que dizia Araturi, quando na verdade a placa da frente registrava outro destino, este sim correto: Jurema; dormir no ômibus e perder a parada; se empolgar no papo com um amigo e não lembrar da vida.... Enfim, múltiplos fatores!
Bem, acho que deu pra provar meu ponto de vista e espero que concordem. Que atire, então, a primeira pedra no para-choque quem nunca tiver passado por isso ou quem nunca ao menos conheceu alguém que viveu desta imprecisão.
Sim, navegar é impreciso.